interessante... mas n consigo entender que vender mais gera mais third exclusivo do que a sony ter cultura de pagar exclusividade.
Não é que gera mais necessariamente, mas torna isso mais barato, dá mais poder de barganha para a produtora do console.
Digamos que Microsoft e Sony batam na porta da Capcom pra que Devil May Cry 6 seja exclusivo definitivo da sua plataforma da atual geração de consoles. A Sony divulgou recentemente que o PS5 alcançou 32M de unidades vendidas e estimativas colocam o
Series X|S ali pelos 21M-23M. Quando cada uma delas fizer a proposta, a Capcom vai estipular uma estimativa de vender, sei lá, 3M de jogos pra valer a pena financeiramente pra ela, levando em consideração que:
- Sendo exclusivo de PS5, serão 32M de consoles disponíveis pra vender 3M de cópias (9,37% da base instalada), abrindo mão de 23M de consoles potenciais;
- Sendo exclusivo de Xbox, serão 23M de consoles disponíveis pra vender os mesmos 3M de cópias (13,04% da base instalada), abrindo mão de 32M de consoles potenciais.
Ou seja, para a Capcom, tornar o jogo exclusivo de
Xbox nessas condições é mais arriscado, porque ela teria que ter um desempenho melhor do que no PS5 - afinal, o público potencial é menor. E esse risco tem um custo que a Microsoft teria que recompensar pagando algo extra. Já no caso da Sony, seria o contrário: como a base instalada é maior, um número menor de potenciais consumidores ficariam de fora e aí esse custo extra seria menor do que um eventual acordo com a Microsoft.
Sobre a Sony ter cultura de pagar por exclusividade, todas tem em maior ou menor escala. A diferença da Sony é que ela costuma ir atrás de grandes jogos com mais frequência (Final Fantasy, Silent Hill, Street Fighter, etc., pra ficarmos em exemplos mais recentes). Mas a Microsoft também faz esse tipo de acordo principalmente com jogos menores, não deve ser coincidência que um número grande de títulos que foram lançados no
Xbox primeiro (Death's Door, Nobody Saves the World, Rogue Legacy 2, The Artful Escape, The Ascent, The Medium, Tunic, entre vários outros só nos últimos dois anos) cheguem só meses depois em outras plataformas. Muitos deles, inclusive, lançam já no
Game Pass. Não dá pra acreditar que isso é de graça, sem nenhum dedinho da Microsoft lá para "bloquear" (usando um termo muito utilizado pra dizer como a prática da Sony fazer isso é ruim e prejudica os consumidores) esses jogos das outras plataformas por um período X de tempo, especialmente levando em conta o que falamos acima sobre o exemplo de DMC6: entre
Xbox Series/One, PS5/PS4 e Switch, lançar exclusivamente para
Xbox nos consoles é pegar um bolo, cortar em três pedaços e lançar para o menor, deixando os dois que são bem maiores de fora.