Na verdade a gente transferiu para o dia seguinte a gravação por minha causa e no dia seghuinte eu tambem nao pude gravar.
Com relação ao Detroit, eu acho que como todo jogo da Quantic Dream, ele tem altos e baixos.
Alguns dos baixos são conhecidos, pois quem já jogou um jogo de Quantic Dream já jogou todos, com apenas melhorias gráficas. A estrutura de apresentação e narrativa não sofre grande mudança, e as qualidades e defeitos são os mesmos, embora talvez agravados/melhorados em razão do decurso do tempo.
A "interatividade" desnecessária do jogo, determinando que você realize algumas ações banais quando não existe nenhuma outra opção continua tão irritante quanto sempre foi.
Me surpreende também que mais de uma década depois o David Cage ainda não tenha percebido que a jogabilidade precisa ser urgentemente melhorada, especialmente no que diz respeito a controle de camera e tambem contextualização dos comandos (não me entra na cabeça que para uma determinada ação voce precise passar o dedo pelo touchpad, sendo essa, alias, a unica ação que pode ser tomada, e o jogo não consegue interpretar que se voce faz exatamente isso - mas nao na velocidade que o jogo gostaria que fizesse - então talvez voce não queira efetivamente fazer aquilo).
Como todos os jogos do Cage tambem, a história começa bem, e termina mal. Cage simplesmente tem uma dificuldade monstra de amarrar as pontas, e ele não consegue fazer a história avançar sem dar "saltos" que fazem parecer que tem capitulo faltando no meio do caminho. Eu gostaria que a historia fosse realmente mais focada nos dramas pessoais dos personagens, que é onde o jogo se desenvolve melhor, ao invés de se transformar em um movimento épico de revolução que evidentemente o jogo nao consegue reproduzir a contento.
Dito isto, tem muita coisa boa no jogo.
Os gráficos são simplesmente embasbacantes. O Cage sabe explorar bem o fato dele confinar o jogador em um espaço de manobra bastante pequeno, o que permite que a atenção para texturas e detalhes salte nas alturas.
A imersão do jogo é fantastica tambem. Achei que conseguiram realmente dar vida à cidade, e eu me sinto como se estivesse realmente em uma versõa de um futuro proximo de alguma grande metropole americana, como o jogo propõe.
A apresentação de um fluxograma ao final de cada capítulo demonstrando as ramificações das decisões do jogador, e as opções que não foram "desbloqueadas"em função dessas escolhas é interessante, mas também é uma faca de dois gumes. Por um lado, o Cage claramente quer esfregar na cara das pessoas que dizem que as escolhas no jogo dele não são significativas que ele tem bastante conteúdo diferente conforme as escolhas do jogador. Mas por vezes o efeito acaba sendo contrário, e escancara o fato de que boa parte das decisÕes são cosméticas e a maioria delas leva para o mesmo resultado no final. Dá para contar nos dedos de uma mão os capitulos em que REALMENTE existe uma profunda ramificação nas escolhas e decisões do jogador e que conduzem o capitulo para resultados diferente. Na maioria das vezes, contudo, o fluxograma acaba mostrando que boa parte das decisoes realmente são "falsas" decisões, já que levam ao mesmo resultado final mudando apenas alguns detalhes da CG apresentada. E se formos considerar então decisões em um capitulo que afetam os subsequentes, a quantidade é ainda menor.
Novamente, para quem curte esse estilo de jogo (e eu, apesar de tudo, curto), para quem tem se divertido com adventures ou walking simulators, e que ainda curte QTEs no meio do jogo, é uma boa pedida. Mas longe de ser um system-seller ou mesmo um candidato sério a melhor jogo do ano.