Dale pessoal, excelente conversa especialmente sobre o
Game Pass.
Pra mim, o pulo do gato do sistema é aquela velha briga que empresas de entretenimento (cinema, TV, música, jogos, livros) travam com o consumidor e estão conseguindo avançar com esse modelo de assinaturas: tirar do consumidor a posse do conteúdo. Até hoje é isso que acontece legalmente, se não me engano temos apenas uma licença de uso, mas como também compramos algo tangível – seja físico ou digital –, não existe controle sobre o que fazemos, podemos vender, trocar, emprestar, compartilhar, vender a conta (não é legal, mas a gente sabe que acontece). Já a assinatura deixa o consumidor fidelizado em um serviço em que deve ser ativo para continuar jogando. Claro que a qualquer momento a pessoa pode sair da roda e comprar em definitivo, mas o foco aqui é no serviço,.
É uma dança de palavras.
Quando compramos, temos a
posse do jogo.
Quando assinamos, temos o
acesso ao jogo.
E o que o
@Saci comentou sobre a mudança de olhares sobre os jogos é muito verdade. Já estava empolgado com Sea of Thieves, e o jogo explodiu consideravelmente após o anúncio no
Game Pass e as posteriores betas, alcançando números expressivos de jogadores, visualizações, notícias, parece que caiu nas graças do público finalmente e isso me deixa muito feliz porque o jogo é excelente mas estava voando baixo ainda. No meu caso, depois do anúncio passei a me interessar, ler e acompanhar State of Decay 2, e até Crackdown 3 já penso que vale uma tentiada porque mesmo se vir a ser ruim, o mês estará pago e tem outros conteúdos interessantes pra compensar.
Minha única preocupação quanto a este formato (e eu nem deveria estar preocupado porque não vai cair na minha conta, é mais curiosidade mesmo) é ver como esse comportamento e mudança vai afetar as vendas dos jogos. Porque no
Game Pass, a receita alocada para o jogo diminui mundos em relação a uma venda direta. São $9.99 | R$ 29,00 divididos entre 150+ jogos no mês, não tem como não haver um baque bem grande nesse sentido em um primeiro momento. Mas, claro, a tendência é que se pague no longo prazo, com um número mais estável de assinaturas e um fluxo constante de dinheiro entrando, sendo distribuído tanto para o catálogo como para o financiamento de novos projetos.
Outro ~problema~ é decorrente do que o
@caddelin comentou, do acúmulo de assinaturas. Gold, EA Access,
Game Pass no
Xbox, e se tiver outras plataformas, PlayStation Plus, um eventual Humble Monthly no PC. Desde que entrei na geração atual em 2015 com o One e recentemente com o PS4, percebi e volta e meia comento sobre o quão barata ela é, mesmo sem levar em consideração as assinaturas. Jogos caem de preço rapidamente, principalmente em mídia física e agora também em mídia digital. Adiciona a isso as assinaturas descritas e o resultado são centenas de títulos disponíveis sem que a maioria de nós possua o tempo necessário pra aproveitar tudo. Não é um problema dos serviços, mas uma
consequência. Mesma coisa para os GAAS que agora estão chamando de live services: tem muito jogo com foco multiplayer que pode ser jogado por centenas de horas competindo com outros jogos que também oferecem as mesmas centenas de horas, acaba sendo uma saturação pois o nosso tempo é limitado e nem todos sobrevivem de maneira estável e sustentável, vira um mercado onde um engole o outro, alguns perduram e outros são descontinuados.
Me vejo assinando o
Game Pass esporadicamente, especialmente por causa dos exclusivos da Microsoft, assim como faço com o Humble Monthly: quando aparece algo que me interessa, assino no mês, pego o jogo e cancelo (ele continua funcionando mesmo sem assinatura). Quando não tem, volto pro meu
ronabs pass particular - vulgo backlog.
Por último mas não menos importante, parabéns atrasado pelo episódio 100 também. Não lembro quando comecei a ouvir o Jogando Papo, mas hoje tenho somente dois podcasts que pulo pra frente da fila de programas assim que sai um novo episódio, ambos começam com J e vocês são um deles.