Faz bastante tempo que não comento alguma coisa aqui, e esse assunto despertou o interesse hehe.
Não li todos os comentários então é possível que alguém pense igual.
A primeira coisa me vem à mente é o poder de escolha, e quando se tem menos poder de escolha, pior é a situação.
Acredito que não ter jogos em mídia física é um problema sim em relação aos consoles, ainda mais considerando que a Microsoft vende no mercado seu modelo com leitor de disco. Poderia aí haver alguma ação no PROCON? Porque veja bem, decidir entre um console sem leitor e um com é uma escolha estratégica, e isso é sim um fator que pode determinar a escolha de compra. Se a empresa vende o produto com aquela característica, então imagino que mudar ou inutilizar aquela função no meio do caminho é problemático. E ainda é diferente de o consumidor comprar a versão com leitor e escolher não utilizá-lo. É como se a HP deixasse de vender cartuchos para as suas impressoras (apesar de não ter um substituto digital, mas dá para entender a ideia).
Aprofundando mais em relação a estratégia de compra do console, acredito que é a mesma coisa que um carro. No decorrer do tempo, tanto o carro quanto o console vão se desvalorizar pelo uso, então ficará ao seu critério o que irá ser feito para diminuir essa desvalorização. Com carro você pode instalar gás, pode colocar filme nos vidros, câmera de ré e etc.. itens que não estavam ali originalmente mas que ajudam a deixar aquele bem mais completo. Com o console é a mesma coisa, e todo mundo sabe disso; afinal de contas, um usado pode custar um valor próximo de um console lacrado, mas se ele vier acompanhado de 5, 10, 20 jogos, ficará muito mais atrativo para quem quer comprar, e muito mais fácil a venda para quem quer se desfazer. Mas ainda pode-se dizer que é possível criar uma conta "fantasma" só para poder revendê-la depois. Pode até ser, só que hoje em dia todos os serviços são feitos com a dependência de uma conta Microsoft com email de recuperação terceiro e etc. Ou seja, ao meu ver é uma complicação e um depósito grande de confiança de que o vendedor entregará as credencias para acessar tal conta.
A justificativa de que vendas digitais no Brasil são maiores pode ser só isso mesmo: uma justificativa. Alguém vai poder aferir isso realmente? Não.
Então me parece mais uma conveniência para atrair mais assinantes para o
Game Pass e assegurar para si todas as vendas de third parties à preço cheio. Sempre me despertou a curiosidade aqueles jogadores que se habituaram a pagar R$200, R$250 e além por jogos digitais. Isso sempre me pareceu ridículo por dois motivos: 1 - nenhum jogo vale isso (especialmente um digital que no lançamento não sofre de escassez) e 2 - se em 6 ou 12 meses o preço cai pela metade, significa que originalmente nunca houve tanto valor que justificasse o preço original. Mas isso é apenas o que penso, justamente porque se nada é caro, ou você não vê valor naquilo ou não tem dinheiro. No meu caso são as duas coisas
. E pensando de uma forma prática, num orçamento mensal só tendo uma renda gorda pra encarar lançamento no digital, ou comprar jogos fora de promoção.
E é aqui onde comparo com o PC. Quem joga no PC, assim como eu, já deve ter se esquecido como é um leitor de disco ou como é ter que inserir um disco no pc, e nesse ponto não haveria nenhuma diferença com o que se avizinha no
Xbox. PORÉM, todavia, contudo, embora na triste realidade de hoje lançamentos de PC custem o mesmo absurdo que suas contrapartes de console, jogos de PC entram em promoção mais rapidamente com descontos mais agressivos (embora o recente e arbitrário aumento de preço de vários jogos na Steam ascenda o sinal amarelo). Ah, e claro, enquanto a Epic continua com suas bondades grátis, a gente faz a festa enquanto pode.
Sendo primariamente um jogador de PC, desde 2015 eu não compro jogos acima de R$55,00 seja ele de PC ou console. Sendo repetitivo, eu entendi que se um jogo pode valer isso, ele não poderia ter valido R$250. Salvo uma pequeníssima exceção, como Batman Arkham Knight Premium Edition, que paguei R$150 na Steam (só porque todo o conteúdo adicional havia sido lançado, toda a série Arkham vinha junto e custava R$100 mais barato que a edição padrão nos consoles). Eu pago esse valor máximo em jogos de PC porque eu não tenho como escolher comprar um jogo usado em mídia física ou em promoção num revendedor por em preço mais em conta, ou porque não posso revender para abater no preço de um próximo jogo. Se a quantidade de horas do jogo custando R$250 ou R$50 é a mesma, não faz sentido pagar mais caro. Aliás, o preço a se pagar é a paciência de ter que esperar alguns anos para poder comprar (comprei Red Dead 2 em Dezembro por R$59 na Epic, o preço do jogo era R$239 e agora é R$300. Valeu a pena esperar 4 anos).
Dito tudo isso, ainda assim no PC eu tenho poder de escolha. Há competitividade entre Steam, Epic, GOG, Nuuvem. Não fico preso à um único vendedor ditando os preços. Por acaso a MS vai começar a vender jogos de
XBOX nessas lojas também (ou em qualquer outra), através de licenças digitais?
Se as versões digitais de produtos físicos têm o mesmo preço para garantir ao mercado direto a competitividade, então eu gostaria de ver jogos digitais de
Xbox mais baratos, porque não haverá mais competição com suas versões em disco. Isso vai acontecer? Claro que não. Vai acontecer a mesma coisa com filmes: as versões digitais custam o mesmo que as em disco custaram no passado, e as versões em disco são mais caras.
Bom, é triste ver mais um poder de escolha indo embora, porque comprar jogo em disco não é uma questão de colecionismo, mas uma estratégia econômica de tornar mais viável esse hobby, especialmente para quem não tem muito tempo de jogar e por conta disso não vê a recorrência na assinatura do
Game Pass atrativa.