Informação relevante: Este review está repleto de piadas sobre Destiny e sobre a Ubisoft. Se isso te incomoda, hey, hate the game, not the player.
Desde que foi apresentado pela primeira, anos atrás, Tom Clancy's The Division passou a habitar o imaginário dos jogadores do mundo inteiro pela experiência que o jogo propunha, além de visuais incrivelmente belos e detalhados. Com o lançamento de Destiny as comparações foram inevitáveis, principalmente em questões que usuário de videogame não estava acostumado a analisar. Como vai ser o endgame? Como vai ser o PvP? Como serão os eventos públicos PvE? Eram questões que apenas o público de PC estava acostumado nos diversos MMOs disponíveis, e mesmo Destiny e The Division serem MMOs lights, é inegável que o primeiro apresentou de forma abrangente esses aspectos ao público de videogame.
Só que The Division faz basicamente tudo melhor do que Destiny. The Divison até tem tempo de explicar o enredo do jogo! Um ponto interessante é que igualmente ao jogo da Bungie, você tem de acompanhar um pouco da história e do desenrolar ela nos diversos colecionáveis que você encontra pelo jogo, mas por incrível que pareça, não precisa ver no site ou em um app de celular qualquer, isso está tudo disponível lá mesmo, dentro do jogo! É até um conceito estranho para o jogador de Destiny, não precisar fazer cambalacho para tentar acompanhar o desenrolar da história, ou de um personagem em específico. Você tem disponível ECOs, que são uma coleção de dados que o seu computador busca de câmeras de vigilância, celulares, dados em nuvem, e recria uma situação holográfica para você explorar, além disso temos gravações de celulares, relatórios de eventos e imagens de vigilâncias de drones. Ao concluir as missões principais do jogo, você ganha acesso a outras informações que explicam melhor a epidemia, os motivos dela, e das facções presentes no jogo.
Uma coisa que é importante frisar, The Division é um jogo feio. Se for para comparar, Destiny parece um passeio de unicórnio sobre um arco íris. Uma hora The Divison vai bater em você pela ambientação perfeita da desolação, seja pelas covas coletivas, pelas pilhas de corpos nas ruas, nas clínicas abarrotadas de sacos pretos empilhados, nos sapatos dos suicidas na beirada do rio Hudson (com os corpos congelados deles, de bônus, lá no rio), no altar na porta da igreja com as fotos de crianças. Com a quantidade de detalhes pelo mapa, não vão falta detalhes para te abater.
E em uma guinada de eventos para a Ubisoft, o jogo é sólido. Sem problemas em servidores, sem problemas aleatórios, sem mapa reciclado. Tudo funciona na semana de lançamento como deveria, o que já virou coisa estranha. Esperava ser desconectado frequentemente, lag insuportável, gráficos e som bugados mas recebi um jogo que parecia estar no mercado a meses. Em mais uma piada com Destiny, a primeira arma com um perk overpower no PvP foi corrigida em 24 horas. Isso é 2 meses e 29 dias mais rápido que a média da Bungie, e corrigiram ela sem ferrar com as outras.
Para quem não se importar com o grind do endgame e quer jogar pela história apenas, pode esperar uma campanha perto de 20 a 25 horas de duração, entre missões principais e secundárias. O jogo é repetitivo como qualquer shooter TPS por aí, com missões do tipo "invada tal lugar", "localize tal item", "resgate os reféns" e coisas similares.
E também, parabéns a todos os envolvidos na localização do jogo para pt-BR. A localização está excelente, em todos os níveis.
ENREDO
Você faz parte da Division, um esquadrão de civis, treinados e ativados em momentos de crise quando a situação fica insustentável para as forças de segurança manter a paz e tentar achar soluções para as crises, e é nessa última parte que você entra. Você faz parte da segunda onda de agentes da Division ativados, e é sua missão descobrir mais sobre a epidemia, as facções do jogo e o que aconteceu com os agentes da primeira onda da Division que foram ativados antes.
E a crise foi feia. Uma versão "melhorada" da varíola, alterada geneticamente para aumentar a letalidade e o fator de contágio dela foi solto em NY durante a semana da Black Friday. Um mês depois a civilização como conhecemos está morta, e o que sobra são alguns poucos tentando sobreviver, outros poucos tentando ajudar, e uma cacetada de gente na barbárie absoluta.
Temos quatro grandes facções dentro do jogo:
Rioters, arruaceiros comuns, sem nada de notável, os primeiros inimigos que você enfrenta e o grupo mais fácil de enfrentar.
Cremadores, eles queimam os infectados para combater a infecção. E também quem eles acham que esteja infectado. Na verdade, eles tentam queimar qualquer um na frente deles.
Rikers, fugitivos da prisão de Rikers. São perigosos e fortes, além de granadas, granadas everywhere.
LMB, Last Man Battalion, uma empresa de segurança privada que ocupou parte da cidade. São bem variados, tem médicos, snipers, escudos, e rushers de escopeta. Fuck os rushers de escopeta.
Não corram durante o jogo para chegar no nível 30, aproveitem a história e todo o enredo que a cidade oferece, vale muito a pena.
E a crise foi feia. Uma versão "melhorada" da varíola, alterada geneticamente para aumentar a letalidade e o fator de contágio dela foi solto em NY durante a semana da Black Friday. Um mês depois a civilização como conhecemos está morta, e o que sobra são alguns poucos tentando sobreviver, outros poucos tentando ajudar, e uma cacetada de gente na barbárie absoluta.
Temos quatro grandes facções dentro do jogo:
Rioters, arruaceiros comuns, sem nada de notável, os primeiros inimigos que você enfrenta e o grupo mais fácil de enfrentar.
Cremadores, eles queimam os infectados para combater a infecção. E também quem eles acham que esteja infectado. Na verdade, eles tentam queimar qualquer um na frente deles.
Rikers, fugitivos da prisão de Rikers. São perigosos e fortes, além de granadas, granadas everywhere.
LMB, Last Man Battalion, uma empresa de segurança privada que ocupou parte da cidade. São bem variados, tem médicos, snipers, escudos, e rushers de escopeta. Fuck os rushers de escopeta.
Não corram durante o jogo para chegar no nível 30, aproveitem a história e todo o enredo que a cidade oferece, vale muito a pena.
GRÁFICOS
Dois pontos importantes, já para iniciar esta seção: O mais importante é que não recebemos os visuais prometidos no anúncio e subsequente material do jogo. Depois, era óbvio que jamais receberíamos os visuais prometidos no anúncio e subsequente material do jogo. Sério colegas, parem de acreditar em vídeos de anúncio de jogos. Se for para acreditar em alguma coisa, acreditem em vídeos de gameplay apenas.
Agora falando do aspecto gráfico do jogo, tecnicamente o jogo é muito, muito competente. Virtualmente sem frame drops, texturas de excelente qualidade na imensa maioria do jogo, pop-ups de objetos quase imperceptíveis, os efeitos de iluminação são provavelmente os melhores da geração. O único pelo em ovo que algum cidadão pode encontrar é sobre o óbvio downgrade do anúncio.
Artisticamente é aonde o jogo tem a maior qualidade visual. A cidade é repleta de detalhes, em todos os cantos. Sujeira, entulho, cenas de destruição e desolação em toda parte, maravilhosamente populada de objetos. Esse cuidado que a Massive teve na execução do mapa ajuda em boa parte de imersão que o jogo proporciona. É impressionante pela execução, e depressivo no contexto do jogo. Parece que fizeram o jogo em 1 ano e o restante do tempo passaram decorando o mapa.
SOM
Resultado misto. A música é inexistente em 97% do jogo, e quando está presente é a música genérica de momento de tensão de Michael Bay. É muito mais interessante topar com uma música no rádio que está tocando em algum lugar que você entra.
O som é exemplar, todas as armas possuem som diferente, além de acessórios que alteram o som delas também. Toda a parte de efeitos sonoros é muito, muito bem feito e dentro do contexto do jogo.
JOGABILIDADE
Vou ter de separar a jogabilidade em tópicos para tentar abordar os maiores aspectos do jogo.
Como shooter TPS.
Ele é muito similar ao Ghost Recon Advanced Warfighter, mas com uma sensação um pouco mais "leve" no personagem, mas a mecânica é muito similar. O sistema de cover é eficiente e parte integrante das batalhas, e logo no início do jogo fica claro que não é uma perfumaria do jogo, mas sim uma necessidade durante a partida. Rambos não sobrevivem muito tempo. Possivelmente é o TPS com pegada séria de melhor jogabilidade disponível. O clima dinâmico alterar sensivelmente como você interage com o jogo, e também ocorrem nas missões normais. Fiz uma missão na Grand Central Station durante um belo dia de sol, e depois fiz novamente a missão com amigos, a noite, numa nevasca, visibilidade basicamente zero que me fez explorar o mapa por outros pontos de vantagem e rotas.
Como MMO.
Todo o jogo você pode fazer acompanhado de amigos, sejam as missões principais, as missões secundárias, os eventos aleatórios para você conseguir recursos para melhorar a sua base. A cereja do bolo da parte MMO é a Dark Zone (Zona Cega na localização), uma área PvE e PvP liberados, em uma única área conjunta. É aonde você vai encontrar o melhor loot do jogo e os inimigos mais difíceis, sejam agentes ou mobs. Mas a dinâmica é muito interessante. O loot que você consegue, precisa extrair eles de uma forma específica, para só depois poder equipar eles depois de serem descontaminados. Se morrer com esse loot, você vai perder ele, além de XP da Dark Zone, dinheiro da Dark Zone e chaves de baús raros que só podem abrir por lá. Ainda sobre a Dark Zone, se você resolver atacar outros jogadores, vai ficar marcado como renegado, e será cassado pelos outros jogadores que estão na sua partida. Jogadores que matam um renegado não ficam marcados como um, mas essa mecânica garante que você sempre fique a tento a qualquer outro jogador que você encontrar durante a partida.
Existem dois pools de XP diferentes. O nível de agente, normal, que você ganha durante os eventos PvE, como as missões principais, e o nível da Dark Zone, que você só ganha na Dark Zone. Para equipar os melhores equipamentos você precisa do nível máximo em ambos os casos, nível 30 de agente, e 50 na Dark Zone.
Temos três moedas, os créditos normais que você ganha em qualquer atividade e vendendo itens, créditos da Dark Zone, que você só ganha na Dark Zone e serve para comprar equipamento disponível lá, e créditos Fênix, que são raros, você ganha migalhas ao terminar as missões mais difíceis no jogo, e você vai poder comprar o melhor equipamento disponível com essa moeda. Não desperdice nenhuma delas. Principalmente os créditos iniciais é fácil você ignorar depois de um tempo, mas tem equipamento de alto nível que você pode comprar com esses créditos, além de poder alterar os atributos de alguns equipamentos, que fica bem caro bem rápido.
O jogo ainda não tem Raids, mas já aparece uma no mapa que será disponibilizada no futuro. Por enquanto temos missões diárias com uma dificuldade extra, Desafiante, com inimigos muito mais fortes, agressivos e espertos, grande dificuldade com grandes prêmios, com moedas Fênix e equipamentos avançados.
Não desprezem materiais de criação. Crafting é uma forma muito interessante de conseguir equipamento de endgame, e parte dos melhores equipamentos só são vendidos em planos de montagem, geralmente custando obcenamente caro em créditos Fênix.
NÃO como MMO.
Posso jogar offline? Não, o jogo é todo online. Posso jogar sozinho? Pode! O jogo inteiro, se você quiser, inclusive Dark Zone. Para as missões mais difíceis que você não der conta, pode utilizar o Matchmaking. Jogadores de Destiny podem achar esse um conceito difícil de entender, mas em todas as atividades você pode fazer matchmaking, seja para missões da história, para passear pelo mapa, para ir para a Dark Zone, enfim, para tudo.
Como RPG.
É cômico querer comparar com Destiny aqui. É muito mais interessante fazer a comparação com Diablo e The Witcher, e isso tornar The Division um RPG muito competente. Apesar de você conseguir selecionar as suas habilidades livremente, não ter de distribuir pontos que depois ficam fixos, você pode montar diferentes builds para diferentes tipos de missão, tudo definido pelos seus equipamentos. Pode fazer uma configuração com DPS monstruoso, mas vai matar e morrer como papel nas atividades de endgame. Pode montar uma configuração equilibrada e não ser exatamente bom em nada, pode montar um tank para atrair o fogo dos inimigos e aguentar dano, pode aumentar a eficiência das suas habilidades, o poder de fogo delas, a duração, e diminuir o tempo de recarga com equipamentos que priorizam sua tecnologia.
Assim como Diablo, pode trocar um atributo de um equipamento em uma área específica, mas tem duas pegadinhas, o custo aumenta progressivamente, e quando você escolhe um atributo para trocar, só vai poder trocar novamente esse atributo nesse item, os outros atributos e perks ficam fixos.
Qual a melhor arma? Depende da sua configuração. Sem mais bully de Gjallahorn, todo equipamento é viável em cada situação, depende do que você quer ou precisa fazer. Nunca desprezem uma arma só porque não curtem as estatísticas dela. As vezes ela encaixa com outros benefícios de outros equipamentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pessoal, o jogo é bem complexo, e se encaixa na filosofia do fácil para entender e complexo para dominar. Se tiverem dúvidas ou quiserem compartilhar suas impressões, fiquem a vontade! E vamos nos encontrar na Dark Zone!
Fiquei devendo mais piadas sobre a Ubisoft, mas é complicado de fazer piada quando a coisa funciona. Mas tenho fé na Ubisoft, já tem três expansões anunciadas para eles pisarem na bola e garantir as piadas. Só não podem ser tão rápidos para corrigir os defeitos como foram até agora.
Foram jogadas todas missões principais e secundárias do jogo, e mais um tempo fazendo conteúdo endgame, missões diárias em nível de dificuldade mais alto e Dark Zone, cerca de 35 horas de jogo.
NOTA
Como Tom Clancy's The Division: 9/10.
Como esfregada na cara da Bungie de como fazer um shooter MMO: 11/10.
Como Marathon Simulator 2016: 10/10 would run again.