"Todo mundo só vê as pingas que eu bebo, mas ninguém vê os tombos que eu levo."
Spencer, Phil
Rápido e rasteiro: entre tapas e beijos, entre acertos e erros, o saldo é BEM positivo.
O Spencer tem trazido cada vez mais esse lado dos "tombos" para o discurso dele. O cara está à frente do
Xbox desde 2014, mas só a partir de 2022 quando passou a chefiar toda a nova divisão Microsoft Gaming é que passamos a ver o lado mais "executivo" dele, com diversas declarações sobre como o negócio em si precisa ser sustentável. Vimos isso em situações como as demissões recentes, o fechamento de estúdios e até o preço do
Series S no Brasil, o que dá um indicativo de que nenhuma divisão está livre pra torrar dinheiro enquanto outras vão tão bem que compensam no todo, cada região precisa caminhar sozinha e gerar o retorno esperado.
O anúncio da mudança de cargo veio no mesmo dia em que revelaram a intenção de compra da Activision. É bem possível que essa mudança de tom seja consequência disso, ele sabia que estavam dando um passo gigante e que precisaria ser cada vez mais responsável com os resultados a partir dali, seja por motivação própria, seja por metas estabelecidas pelos CFOs. Muito da queimação dele nos últimos tempos acredito que venha daí também, de vermos ele falando crescimento e chegar nos gamers e em acessibilidade enquanto no outro dia demitir pessoas, fechar estúdios, cancelar projetos, etc.
Um ponto que sempre fui crítico e ele precisa se provar é na gestão dos jogos. Até agora, o
xbox não conseguiu contruir uma agenda de lançamentos de jogos mais concreta e bem distribuída além de, ainda não garantir qualidade nas entregas. Claro, não todas, mas jogos como Halo, Forza Morotrsport e principalmente Redfall deveriam ter um caprixo muito maior. É preciso lançamentos consistentes e com qualidade para ganhar a confiança do consumidor.
Eu vejo uma responsabilidade meio compartilhada entre Spencer/Booty aqui. O Spencer foi o head da antiga Microsoft Game Studios entre 2009 e 2017, com o Matt Booty assumindo as rédeas a partir de janeiro de 2018 - a mudança para
Xbox Game Studios viria em 2019. É desse período específico que vem boa parte das decisões que levaram aos jogos que recebemos nos últimos anos e de todos que receberemos nos próximos, em todos os quesitos (diversidade, qualidade, cronograma, etc.). Vejo melhoras consideráveis na parte de diversidade e qualidade em relação ao que vivemos a partir de 2016 no
Xbox One, mas a parte do cronograma confesso que me dececpionou.
A cadência de jogos sendo lançados ainda está bem abaixo do que se espera de uma divisão que saltou de 6 estúdios internos (contando a XGS Publishing) no início de 2018 para 23 em 2024 (antes do fechamento da Tango, Alpha Dog e Roundhouse), sem contar a Activision que ainda é recente e não deu tempo de ver algo prático para poder analisar. Multiplicar seus estúdios quase que por 4x e seguir com buracos no calendário sem nada (como entre out/23 a mai/24, período entre Forza Motorsport e Hellblade 2, ou agora entre mai-set/24, que é o período entre Hellblade 2 e Age of Mythology Retold) é meio difícil de engolir. Mesmo com pandemia, com jogos mais longos/caros de produzir, dava tempo de espaçar melhor os projetos e deixar de ter aquele estigma de empilhar jogos só nos meses finais do ano (entre setembro/dezembro, especialmente).
Pelos últimos movimentos, parece que o Booty agora vai ser mais um supervisor geral dos braços XGS/ZeniMax (sim, ele foi promovido@!@$!@$#!), com o Alan Hartman (ex-Turn 10) cuidando mais da parte operacional do dia a dia da gestão das equipes. Vamos ver como isso vai se traduzir nos próximos anos.