Bom, terminei Red Dead Redemption 2.
É um jogo inacreditável em muitos sentidos.
Primeiro, pelo aspecto técnico. O nível de excelência alcançado pela Rockstar em praticamente todos os aspectos é muito fora da curva, se me dissessem que esse jogo foi lançado semana passada, acreditaria numa boa. Ambientação, atuação, trilha sonora, história, é tudo tão redondinho.
Segundo, pelo poder que boas pequels têm de não apenas serem bons jogos, fechados em si, mas também de melhorarem ainda mais o nosso entendimento sobre o jogo que precedem. Senti algo parecido recentemente com Little Nightmares II, Metal Gear Solid 3: Snake Eater então nem se fala, e Red Dead Redemption 2 consegue fazer muito pelo primeiro jogo da série também, dando ainda mais peso para os seus acontecimentos, as motivações dos personagens. E isso é bem difícil de se fazer, pois uma prequel precisa contar uma história que, na prática, a gente já sabe como termina. Conseguir surpreender nesse aspecto é para poucos. E a parte que mais gostei, apesar de achar o jogo arrastado com alguns momentos muito legais durante a campanha, foi o final, o epílogo (ou os epílogos, né, porque ainda tem dois). No primeiro jogo, passamos quase o tempo todo ouvindo o Marston falar sobre a família, a vida no rancho, mas temos pouco tempo para aproveitar com eles, pois o reencontro é só no final de RDR1 e, mesmo assim, a coisa degringola logo com a morte do John. Aqui, temos a oportunidade de viver um pouco essa vida no rancho, ver e sentir para o que o John queria tanto voltar no primeiro jogo. Foi o ponto alto da história pra mim.
Mas aquela sensação de cansaço, de um jogo arrastado que senti a primeira vez que tentei jogar em 2018 e novamente quando recomecei agora, me acompanhou durante toda a campanha. Por vezes, os controles são pouco intuitivos, é normal ficar um pouco confuso com poucas horas de jogo, mas com quase 70h, ainda ter dúvidas ou fazer coisas básicas de forma errada sem querer, talvez tenha um probleminha aí. O principal botão de interação com o ambiente é o X, mas às vezes é o Y também. Pra quê? O momento mais hilário foi quando eu estava na missão de explodir a ponte junto com o Marston, eu estava correndo para voltar ao carrinho, pressionei X (porque, né, é o botão padrão de interação) e o Arthur simplesmente pulou da ponte e morreu - porque, nessa hora específica, o botão de ação era o Y. Quando precisa interagir com mais de um item próximo um do outro então, é na sorte mesmo. Lembro de uma vez em que estava entre uma cama e um baú, de frente para a cama, e o botão de interação era para abrir o baú!!! No longo prazo, isso acabou me desmotivando a até interagir mais com as coisas.
Porque tudo em Red Dead Redemption 2 tem um passo a mais. Quer fazer fast travel? Não é só olhar no mapa e escolher pra onde ir, como quase todos os jogos, tem que montar um acampamento primeiro. Ah, esse acampamento não pode ser montado em qualquer lugar também, se estiver em uma cidade por exemplo, tem que sair dela primeiro. Aí sim, dá pra selecionar para qual cidade/local queremos ir. Procurar itens ou interagir com coisas pelo cenário então nem se fala, provavelmente os caras lá ficaram muito orgulhosos de criarem animações lindas pra todas as coisas, só esqueceram que essas coisas seriam repetidas centenas/milhares de vezes em um jogo bem longo. E o cavalo então? Nada como começar uma missão, chegar no ponto de ação, descer do cavalo e ir para o combate só pra perceber que as armas ficaram no cavalo. Toda. Santa. Vez. Cheguei ao ápice de, com as armas equipadas, iniciar uma missão, ir de cavalo até um novo local, chegar lá, descer do cavalo, perceber que as armas tinham ficado no cavalo de novo, voltar para ele pra recuperar e o meu companheiro morre, falhando a missão... Imaginem se, para cada post que vocês fossem publicar aqui no PXB, vocês precisassem fazer login com usuário/senha e, depois disso, ficar 1" pressionando o botão de responder ao invés de só clicar. Para cada post. É essa a sensação que RDR2 passa, no longo prazo, parece uma punição ao jogador.
O que é uma pena pois, como falei anteriormente, o jogo é inacreditável em muitas frentes, quase tudo o que a Rockstar fez aqui foi executado com maestria. Mas é um jogo meio "over" demais, ele exagera em outras tantas frentes e esquece que, acima de tudo, é um jogo. Se eu fizesse reviews de jogos, recebendo cópia antecipada e tal, tendo que jogar às escuras e sem ter a opinião de ninguém para influenciar, confesso que ficaria bastante surpreso quando soltasse o meu review e ele fosse bem mais crítico do que a média 97 que Red Dead Redemption 2 alcançou no Metacritic. É um jogo muito bom para o que se propõe? Com certeza. Mas, pra mim, fica ali na casa do 9. A genialidade de quase todas as suas partes não é suficiente pra apagar as partes ruins que impactam diretamente o ato de jogar.